27.2.10

nos tempos da verdade

vou reconquistar a amizade dos meus poemas,
refazer a relação entre mim e os papéis,
torná-los próximos novamente
(mas não deixar que se tornem tão íntimos como antes,
eles não sabem guardar segredos,
mesmo guardando todos os meus).

vou provar que já não sou mais aquela,
não os farei mais sangrar sem um herói,
ou matar sem um vilão.

sem mais cabelos arrancados
ou garrafas vazias em vão.

e vou seduzí-los, tapeá-los, enganá-los, manipulá-los
e não mais a mim mesma.

25.2.10

reconstrução I

tanta poeira nessas caixas de velhas, tantas promessas de infinitude, tantas declarações de eternidade, e que eu nunca tentei impedir que fossem, e que foram, embora, infinitos e eternos.

24.2.10

às margens de mim mesma
me agarro a todo o nada
e só o que me impede a queda
é o peso de todo o tudo

procuro por metáforas
tento a não-exposição
me escondo
e só me acho,
não me encontro.

6.2.10

o rato de laboratório

armou-se com todo o necessário para escalar o precipício novamente
(planejava atingir o topo e ao menos dessa vez, não abrir os braços e deixar-se cair)
mas abandonou-se, e não se encontrava mais, em lugar algum.