28.12.11

emergência

são tantas
desconclusões
nesses tais
de fins de ano

que o céu
se enche
de água

para acalmar
a multidão
de espíritos

esbaforidos
e
esperansiosos
pela mesma
coisa

de novo

24.12.11

novamente na maquete

faz-se cheia
a lua nova
sacode
quem é de terra
envolve
quem é de saudade
permeia
a alma e me leva

pra longe
longe
longe

22.12.11

concluo ao não dormir

só encontra
a beleza
da própria
vida

aquele que enxerga
a escuridão
dos próprios
olhos

19.12.11

tarde de domingo

multicores que flutuam
enfeitam o céu
se passam por estrelas
se disfarçam de lua

passeiam
por entre as nuvens
por entre o amor
por entre os dedos
redondas e nuas

giram e voam
rolam e invadem
a casa
os prédios
o peito

e ascendem aos olhos
ao além
fazendo de uma
simples tarde de domingo

de amor e beleza
o tempo perfeito

15.12.11

a dialética matinal de dezembro

desperto
na antiga encruzilhada
ao som de línguas de fumaça

espero
enquanto trago meu cigarro
da vida algum compasso

entre a
vontade
e o
desejo

equilíbrio, sintonia
ou pelo  menos espaço
para a ânsia do devir
vir a ser, enfim,
inteiro,
e não simplesmente
pedaço

13.12.11

hiato

o tempo respira
poesia
pra dentro de mim

maturo sobre o lápis,
atônito,
o meu peso penso

rumino cada grama
de agora
no que resta
de papel
em branco
e penso

que de uma vida
já passada
resta só
o nada

e do que vai
e não foi
tenho a mim
e o que estou

...

e a poesia
desapegada do grafite
passeia em complacência
com o
nem antes
e
nem depois

desaguando sobre o instante
desaparece
logo após cada presente

e abandona
a lida
a vida
e o poema
sem nunca nem sequer
ter se feito
existente