26.9.11

de volta ao campo de batalha

vagarosamente se embrenhou pelas brechas da preguiça.
"eu não sou mais vulnerável", pensei. pena de mim.
ainda caminhava pela casa quando notei: cá estava de volta.

na horizontal é que ela ataca: primeiro as pernas, que não se cansam de não parar.
as pontas dos ossos dos joelhos despontam em agudos incômodos,
e dormem as coxas, as únicas que dormem.
depois a cabeça com sua recusa a encaixar-se no travesseiro.

e os braços. os braços que abraçam travesseiro, cabelos, lençol, joelhos,
e nada, só o nada do estômago e o tudo da cabeça.
os ruídos de assombração da pele contra a cama repassam
e atravessam os pulmões a cada entornada de corpo.

seu golpe de misericórdia é nas finas membranas dos olhos,
quando as pálpebras, que se estralam por todo o dia,
se calam e estalam, abertas, imóveis,
como um defunto de olhos arregalados.

mas é no ápice da luta que encontro sua falha:
os olhos, ardidos e alertas, expostos e vidrados,
buscam, aguardam e festejam:
a luz, que chega e atrapalha.

mas atrapalha somente quem dorme,
a mim não,
que gasto mais uma noite nesta maldita batalha.

20.9.11

pra concluir

a alma
saltadora
de princípios
e precipícios
paralizou

pairou
e pensou

voar
ei

mais uma
vez

15.9.11

ao deitar

meu céu da boca é um universo
constelado pelo infinito.

ora ou outra ultrapassa os limites
dos dentes, gengivas e lábios,
indispõe a minha língua,
perdida, coitada,
no meio de tanto espaço.