29.12.08

continuar a []

eu não escrevo crônicas, não escrevo poemas, não falo sobre o natal no natal, não desejo feliz ano novo aos leitores que eu [não] tenho. logo não posso continuar coisas que nunca comecei.

28.12.08

receita

meu passatempo predileto nos últimos tempos é talvez a inveja, ou quem sabe a vergonha. o orgulho que tenho sentido é o do título de fiasco do ano. ou vergonha generalizada por todo o conjunto, que após muito tempo resulta em absolutamente nada. e a inveja é sobre todos os outros que aparentemente encontraram um caminho, seja qual for. eu parei na encruzilhada e resolvi virar macumba. mais fácil que andar para frente é ficar parada. e em meio a tantas pessoas e vidas e tudo que aconteceu ao mundo, eu páro e vejo o enorme círculo sobre o qual andei todo este tempo, e numa mistura de alívio e desespero, percebo que cheguei ao início, novamente. a única coisa a mais é a capacidade de aumentar o fluxo de pensamentos desconexos, o que não acrescenta nada a ninguém.
mas pelo menos eu sei meu diagnóstico, mesmo não sabendo o que fazer com tanto papel azul.

27.12.08

[eu] passo

coloque um pezinho na frente do outro
e é só isso
que vai te levar pelo caminho
nada além disso

foi o que disseram
e o que a cada segundo
está mais e mais difícil
de acreditar

e de manter o equilíbrio
seja pezinho com pezinho
ou na frente do pezinho
ou onde enfiar os pés.

23.12.08

alergia ao pó

dois anos de vida "independente" para escutar, quando tudo foi por água abaixo, e quando está sendo preciso recomeçar: você pode fazer a gentileza de arrumar o seu quarto?
o quarto rosa, cheio de escritos, nas paredes, guarda-roupa, porta... tudo meio encardido, meio feio, meio nostálgico; e duas caixas com colagens de revistas, ambas com as capas inacabadas, cheias de lembranças, cartas, poeira, trecos e saudade. cartas recebidas e não enviadas provando que o tempo passou, algumas pessoas se foram, algumas ficaram, algumas voltaram, algumas nem vieram, e o quarto continua ali, quase que intacto.
está tudo fora do lugar, a conclusão é de que seria mais inteligente começar a arrumação aqui dentro, depois enfrentar o que ficou de concreto de dois anos atrás, e talvez fazer o mesmo que foi feito com esses dois anos: zerar, limpar, recomeçar. na verdade nada está limpo, nem dentro, nem fora, nem antes e nem depois dos dois anos, as coisas continuam ou empoeiradas ou gritando por atenção, e está difícil de dar atenção para qualquer uma das coisas.
limpar, arrumar, jogar fora, livrar-me de todo o mal [e de alguns bens também] para quem sabe recomeçar.
a dificuldade em voltar atrás e assumir que deu errado está muito além do quarto de dois anos empoeirado e velho, um pouco além do fígado de 20 anos com aspecto de 60, e exatamente na porta, parada, com os braços no batente, olhando todo o pó e sujeira e velharias, perguntando: por onde eu começo?

16.12.08

I'm so tired I don't know what to do
I'm so tired my mind is set on you
I wonder should I call you but I know what you'd do

when you just don't know how to say goodbye

é só se esconder e pensar que ninguém gosta de você. simples assim.

7.12.08

mania[ca]s

eu ando com mania de esquecer o cigarro aceso no cinzeiro, e quando dou por mim, ele já se queimou sozinho.
eu ando com mania de chorar toda vez que escuto nine of ten do caetano por lembrar que nine of ten movie stars make me cry também.
mania de necessidade e mania de me sentir mal com pessoas ao meu redor. e uma mania muito chata de me sentir pior quando não tem ninguém.
continuo com a mania de mudar de idéia na velocidade da luz, e agora com mania de sentir dores no peito que surgem e quebram a barreira do som - o qual não existe por aqui.
mania de puxar os cabelos e arranhar as pernas até que não tenha mais lugar para marcar. morder os lábios e travar a mandíbula, comer as unhas e mexer as pernas.
além da mania de procurar motivos para as coisas que eu faço e não consigo parar de fazer. ou parar de sentir ou parar de pensar. mania de sentir culpa e mania de não ter remorso.
mania, mania.
mania de esperar o que não chega, largar o que vai embora, me apegar ao que não se apega e querer ser como todo mundo - mesmo sabendo que o todo mundo não existe.
achar que o mundo é uma grande bola onde vários idiotas foram agrupados e alguns poucos e solitários se sentem assim, numa bola de idiotas diferente desta. contar o tempo, segundo por segundo, esperando por alguma coisa qualquer - sem saber o que é e o porquê de estar vindo.
***
eu penso que vivemos num mundo de maníacos por esta coisa que eu também espero, uma mania obsessiva de esperar alguma coisa, a qual ninguém sabe o que é. maníacos que não dão conta de que nada virá. e não é falta de esperança. é a infeliz consciência que é isso, só e somente só isto no qual nos encontramos é o que tinha por vir, e a espera já acabou, estamos todos aqui já. somos todos uns maníacos, uns maníacos por nós mesmos, com sede do nosso próprio sangue, numa bola de idiotas que esperam, somente esperam. e nem mesmo os mais fortes presenciarão o que virá, porque não há nada no horizonte, absolutamente nada.

5.12.08

mosaico

mas a explosão foi tão forte que os pedaços voaram longe e agora eu não consigo mais juntar, tem milhões de espaços faltando pedaços e isso tudo é uma metáfora sobre o coração que faz doer o coração de verdade;

30.10.08

os beatles explicam

[no caminho entre a minha casa - a qual eu não vejo a hora de atear fogo - e a casa da dê e da brasil - as quais me acolheram nesta semana infernal sem casa, sem comida e sem nada]
engraçado o fato das pessoas se identificarem. elas vivem muitos anos longe umas das outras, se conhecem sem nenhuma base sobre quem é a outra e ainda sim se identificam e descobrem - ou acham - que não podem viver sem a outra.
as pessoas que conhecemos são as que temos que conhecer ou é tudo por acaso? existem mais um milhão de pessoas espalhadas pelo mundo que se conhecessemos acharíamos que não poderíamos mais viver sem elas?
[ladeira, ladeira, ladeira]
...
[porteiro lerdo...]
...
[elevador e o silêncio mortal e constrangedor entre quatro pessoas]
...
[sétimo andar]
graças.
dêêêêê....
[casa]
mmm, I get high with a little help from my friends...

21.10.08

horizontal

de repente a menininha percebeu
num surto de maturidade
[que lhe acontecia às vezes]

pousou seus óculos sobre a mesinha
e viu
as armações eram cor-de-rosa
ela odiava cor-de-rosa

abriu as cortinas
puxou um banquinho
colocou seus sapatinhos de boneca
brancos sobre o banquinho
cuidadosamente
demoradamente

ela apertou os olhinhos
chovia lá fora
e ao longe
muito ao longe
nada se via

13.10.08

tudo no zero.
lá vamos nós, terminar tudo de novo.
lá vou eu começar, tudo novo.

10.10.08

nunca

ontem eu senti saudade
e quis tudo que eu sempre quis
mais uma vez
sempre
e para sempre

então eu fui dormir;

7.10.08

por favor, pare de me torturar.

6.10.08

às vezes somente sempre

me coço
me coço

eu não aguento
me canso

então eu finjo, respiro
e sorrio aqui fora

15.9.08

minuto consciente:

o tempo está correndo, e eu não dou um passo a frente.

2.9.08

quando já explicaram

de onde vem a calma daquele cara ?
ele não sabe ser melhor, viu?
como não entende de ser valente
ele não saber ser mais viril
ele não sabe não, viu?
às vezes dá como um frio
é o mundo que anda hostil
o mundo todo é hostil
(...)
[eu vou ficar são, mesmo se for só?]

27.8.08

re-paixão

ele não sabe
mas a cada dia que passa
eu morro mais um pouco
de amor

26.8.08

compra-se:

linha de demarcação
raia
fronteira
meta
baliza
aquilo que reprime ou retém
jugo, sujeição
obstáculo
muro
noção
ato de discernir
distinção, separação
juízo
penetração, sagacidade
escolha
apreciação
paga-se mal.

21.8.08

over the rainbow

de repente ela abriu os olhos e não soube onde estava. à sua frente, uma farmácia, onde comprou relaxantes musculares para que passasse a dor da caminhada até então desconhecida.
percebeu então que estava longe, havia ido longe demais do planejado. mas nada que havia planejado acontecera como deveria. talvez ela não tivesse planejado como deveria planejar. talvez devesse ter percebido os próprios limites antes do planejamento, e deveria ter se dado conta de que ela facilmente ultrapassaria os limites que ela, por um segundo, em um lapso de inocência, achou que fossem limitados.
olhou para trás, e ao perceber o longo caminho que havia percorrido, surpreendentemente, em tão pouco tempo, que chegou a pensar em desistir de voltar. na verdade, aquilo não saía de sua cabeça. apenas continuar seguindo em frente [que poderia ser para trás, ela não sabia em qual referencial se baseava sua afirmação de que aquilo era caminhar em frente], sem sequer cogitar a possibilidade de voltar de onde viera. decisões nunca foram [e sempre passaram bem longe] seu ponto forte.
sentou-se e pensou. mas nada vinha à cabeça. estava e se sentia fraca, mas não conseguia pensar em melhorar, em levantar, em ficar boa. adormeceu sentada e sonhou com uma queda, uma queda que não acabava, infinita, sem previsões de final. sonhou também com alguns amigos, e acordou imersa na tristeza de talvez estar perdendo esses amigos enquanto continua sua caminhada para lugar nenhum.
levantou-se e seguiu em frente, sem saber se em frente era retardado ou retardante ou vice-versa, simplesmente continuou, levando consigo seu conformismo e seu desejo de chegar ao portal das dimensões.
mas ainda não sabia para qual dimensão queria ir dessa vez, sua busca insaciável pelo novo acabou se tornando um vício quase que mecânico, e o prazer da procura e de encontrar se tornavam cada vez mais ínfimos, perto da falta de vontade de fazer outra coisa que não esta.
ela não sabia se a volta existia. mas o caminho levaria a algum lugar, mesmo que esse lugar fosse nenhum.

19.8.08

de volta à nossa dimensão

bombas
tédio
pessoas

tudo explodindo na cara de quem quiser olhar

[fim da transmissão]

18.8.08

vivendo em uma dimensão paralela

[diário de bordo de viagem interdimensões, algum dia de alguma vida]

nesta dimensão o tempo está parado, exceto quando se pisca os olhos.

[fim da trasmissão]

1.8.08

teoria urbana da coletividade

um espasmo
pronto

tudo cresce e aumenta
logo depois

tudo está te diminuindo
e por dentro
a teoria se comprovando

nada se propaga
no vazio

28.7.08

cantiga da mutilação

e eles se bateram tanto e se agrediram tanto que não tinham mais forças para mover-se. e mesmo assim ela conseguiu, com seu penúltimo suspiro, esfaqueá-lo, bem rente ao coração. o incrível foi o esforço sem o mínimo de culpa com que ela o fez. ele a olhou, ela simplesmente levantou e correu. não sabia de onde tirava forças, mas correu.
logo ao amanhecer, ele, ferido e sozinho, que passara a noite toda a procura dela, ferida e sozinha, naquele frio de cortar peles, achou um corpo. seus cabelos negros tocavam-lhe a face com uma delicadeza jamais vista. ela ainda respirava, com muita dificuldade. ele havia trazido chá para enfrentar a noite congelante. abriu a sua boca e despejou, com muito cuidado, o chá já morno da garrafa.
e então carregou o corpo gelado por estradas e florestas até chegar à sua casa. delicadamente repousou seu corpo sobre o sofá, deixou-se cair ao lado, e lá ficaram, sozinhos, esperando que algo pudesse salvá-los deles mesmos.
e assim foi, pela última vez, diria ela. cuidaram dos ferimentos um do outro e se abraçaram como se desta vez fosse definitivamente a última vez que se machucariam de tal forma.
ela se foi, ele ficou. ambos acreditando que precisam somente um do outro para viver, e de nada mais.

22.7.08

21.7.08

cuidar de quem deveria (cuidar)

arrumar as malas, o que colocar dentro? roupas, meias, uma blusa e a vida. eu sei que fugir é fugir, a vida continuará a me acompanhar. mas que tal um recomeço? anos de crescimento que poderiam ser levados a zero, mais uma vez. dinheiro pra passagem e pros cigarros. deixar em cima da cama um bilhete de desculpas e adeus, além do egoísmo de não me importar com quem fica. em meio a tanta bagunça, o pensamento paradoxal de final e começo se juntam formando um caminho.
mas nada importa. a coragem ficou em alguma caixa impossível de ser encontrada. só achei o conformismo. procurei a saída, mas temo que esteja na mesma caixa da coragem.
e agora melhor acender um cigarro e ligar a tevê, a insônia está na sala, impaciente pela minha companhia.

17.7.08

fuga nº 10 (da semana)

no vento gelado do alto
as mangas sujas de rímel
esmagam o estômago
e apertam os pulmões

no medo do alto do vento
o rímel suja o estômago
e esmaga as mangas
apertando as mãos

as mangas no alto do medo
apertam o rímel
esmagam as mãos
sujando o coração
já imundo de vento

16.7.08

romance clichê

eu te defendo
você me protege
e pensamos sem falar
e falamos sem pensar
e assim é
o nosso amor sem cama

13.7.08

à beira

mandíbula trava, mãos retorcem
e torcem e rezam
para que logo
o inferno se transporte
de dentro para fora
e para longe
antes que o fogo queime
e a faca corte
além de tudo
o que resta
de consciência.

8.7.08

síndrome do pânico

respira fundo
respira mais fundo
chora
desgraça
chora desgraça
chora as desgraças
seca as lágrimas
secam-se as lágrimas


tontura, tontura, tontura
suor suor suor suor suor
seca as mãos
tontura tontura tontura
se tranca
destranca
espaço aberto
espaço fechado
desespero desespero desespero
tudo preto
tudo branco
surdez


senta
levanta
respira fundo respira fundo


respira
prende o ar
se acalma
dorme
acabou.
feche os olhos,
sinta o frio,
o sol quente,
esqueça
de tudo que prometemos
de tudo que te falei
de tudo que vivemos,
o melhor é esquecer

isso já não me mantêm aquecida.

6.7.08

freaky and surprise show

apagam-se as luzes
acendem-se os olhos
abrem-se as cortinas
o espetáculo vai começar
...
e ao final,
o gosto poderia ser comparado
ao de decepção
caso alguma coisa importasse
no espetáculo sem fim.
_________________________________________
IGGY POP, casal no sofá, apenas a tevê iluminando. ela com cara de passada, ele com cara de expectativa (ainda?). ele quer acabar o que começou, de uma forma ou de outra. ela quer acabar com tudo, de uma vez por todas. ela é indiferente, e ele não é nada diferente do já conhecido.
ela não se importa, seja lá o que acontecer, será completamente indiferente.
ela não se importa.

4.7.08

jovem apaixonada morre
de amor.

3.7.08

(auto)mentira

o telão ainda aceso
a sala ainda cheia
os olhos ainda marejados
o cheiro ainda impregnado
fingindo não se importar

se o final será feliz

a menina continua a sorrir

1.7.08

semelh-ânsia

tudo escuro
abre os olhos
o mesmo escuro
olha direito
um monte de gente
com cara de palhaço
olha direito
nariz vermelho
maquiagem colorida
olha o espelho

nariz vermelho
maquiagem colorida
igual ao monte de gente

30.6.08

segue a roda

o espectador fica confuso
a cada vez que a trama atinge o clímax
e a última coisa a ser vista
é um
embaçado e embaraçoso
to be continued.

29.6.08

pornoalimentação

eu quero comer você e seu mundinho ínsone
quero mandar a ver
e mostrar que aqui dentro tudo é quente

quero comer seu mau-humor
e quero mostrar que nas minhas entranhas
não há tristeza nem chatice

eu quero te comer a cada vez que você me olhar
e a cada vez que você não me amar
e a cada vez que você me tocar

quero viver de você
viver de te comer

e de te vomitar a cada vez que eu quero te comer
pra comer de novo
e vomitar outra vez.

28.6.08

sabe sentindo nada?

só aquela pontinha incômoda de solidão, mas a esta já me acostumei. só essa coisa de não sentir nada que é meio novidade. e bem ruim.

27.6.08

conselhos amorosos, por chiquinha.

[manhã, quarto arrumado, pão, café e leite, edredom gostoso, 27 de junho de 2008]
(...) mas será tão difícil acreditar que eu não sou mais assim? tem tantas coisas na minha cabeça e eu não sei mais o que é errado e o que é certo. chiqs, tira o nariz do meu pão, mano. eu sei que eu não tenho um histórico de sanidade emocional muito positivo, mas eu não sou assim. o tempo passou, e não é nem só o tempo, não me lambe, estorvo, é que era outra situação, uma situação completamente nova, pára de me lambeeeer, demoninho, mas já faz tempo que foi nova, já é velha agora, vai, entra aqui debaixo do edredom, sussega e me escuta, não é mais a mesma coisa. mas eu tenho medo porque é a única coisa que me deixa insegura, e isso me deixa maluca, não me olha com essa cara de maluca, mas não maluca igual a antes, é maluca somente. toma um pedaço mas não suja meu edredom maciii, CHIQUINHA! TIRA DAÍÍÍ! ai jesus... o que eu tenho que fazer pra mostrar que é de verdade? eu não sei lidar muito bem com essa coisa de demonstração de sentimento, sempre ou é demais ou é de menos, o que não significa, ai, acabou já? ahh, aqui também acabou, olha, estamos sem pão. mas tem café, quer? ahhh, tira o nariz da minha canecaaa, poooorca, enfim, o que não significa que o que eu sinto é demais ou de menos, mas ah... e eu não sei também porque eu insisto em insistir nisso, sabe, chiqs, já faz tanto tempo, ai que bonitinha, vem aqui.. vem chiqs.. faz tanto tempo que... eu sei, mas essas vezes contam só pra parte boa, eu acho, o que deixou essa imagem ruim, além de tantas outras coisas, chiquinha, pára de me lamber, já disse! tô te ignorando, ó... enfim, acho que vou parar de te encher com essas idiotices, né? chiquinha? chiquinha? dormiu, desgraçaaaaa? ai podlle maldiiito.

26.6.08

o dia em que eu me senti mais sozinha:

escreve, apaga
escreve, apaga
escreve, apaga
escreve, apaga
escreve, apaga
escreve, apaga.

25.6.08

grazi, vai lá pagar o moço do restaurante, por favor? (...)

- ah, só vou fazer um recibo aqui e você já assina, já leva o pagamento e fica tudo certo.
- bonito aqui dentro, né?
- é, bem bonito mesmo. só é meio escuro, mas dá pra acostumar. ahn, bauru, dia... que dia é hoje mesmo?
- vinte e cinco de junho.
- que?
- vinte e cinco de junho.
- de junho?
- é, de junho.
- jesus! como assim vinte e cinco de junho?
- como assim o que?
- acabou metade do ano já, estamos partindo pra segunda metade!
- é, ué!
- não, não pode ser. planejei tantas coisas pra primeira metade desse ano...
- você cumpre seus planejamentos sempre?
- bom... na verdade não, mas eu gosto de fazê-los para me enganar de que eu não estou andando sem rumo no meio do nada.
- ?
- é, sabe? quando você não tem planos parece que nada faz sentido.
- e faz algum sentido fazer planos sabendo que você nunca vai cumprí-los?
- sentido? nada faz sentido...
- e pra segunda metade, algum plano?
- será que adianta?
- mas e o sentido de tudo?
- o sentido do que? que sentido tem o tempo passar tão rápido e a minha memória ser tão curta que eu não consigo lembrar de quase nada dessa primeira metade?
- ahn?
- dia vinte e cinco de junho?
- é...
- tudo bem. assina aqui por favor e confere o dinheiro?
- ahn.. vinte, setenta, oitenta. tá certinho. assino onde?
- aqui ó.
- pronto.
- brigada, viu?
- foi nada... e ah! pelo menos você aproveitou o tempo que passou tão rápido?
- que tempo?
- ah, esquece...
- então tá... vai lá, tem um interruptor do lado da porta, aperta que a porta abre.
- beleza.

24.6.08

amnésia

o caderno em branco
repousado sobre a mesa
pousa sobre tudo aquilo
que gritamos em silêncio

começo e fim pra começar de novo (círculos)

você me bate, me empurra,
me chuta, me xinga
eu me agarro, me prendo,
me arrasto, me enrosco

me reprime
eu me grudo, me sinto
te abraço, te largo
mas nada obedece

e então você me prende, e me agarra, e me enrosca
e eu adoro

23.6.08

ela avisou que era um problema, eu sei.

mas desde quando é legal ver nossos ídolos se matando com tanta coisa enfiada pra dentro do corpo? dizem que era legal ver o kurt retartado de heroína e afins, maluco no palco, sem tocar nada direito e sem conseguir cantar uma palavra claramente, se matando, jogando coisas pra cima com grande perigo de acertar a própria cabeça. quando eu li o heavier than heaven, achei muito legal saber que ele se trancava nos quartos de hotéis para usar todos os tipo de drogas com sua amada - e vadia, não consigo só gostar ou só odiar a courtney.
e desde quando isso é legal? será que algum fã da amy gostou de ver suas novas - e monstruosas - apresentações? alguém viu o rock in rio? alguém viu que ela está pesando 30kg? alguém viu que não tem nada de musical ali? alguém percebeu que parece ela não sabe nem o que está fazendo? alguém notou os movimentos bizarros que ela fazia?
eu acho inadmissível achar que tudo isso que ela está fazendo é apenas um traço de personalidade, que os geniais são assim mesmo. isso não é excentricidade, pelas barbas do profeta!
sempre fui fã dos ídolos drogados de cada época, sempre achei que todos fossem geniais, sempre achei que todos fossem malucos até um certo ponto, malucos nas idéias, idéias boas que nenhuma pessoa normal e sóbria qualquer dia poderia ter. eu ainda acho que algumas drogas abrem caminho para percepções impossíveis quando se está são. mas desde quando estar naquele estado que a winehouse está é ser maluco e perceptivo?
quando concluiu-se que ela seria nossa ídola drogada, eu achei genial. mas não quero mais ídolos drogados na minha geração. não quero ver os caras que eu acho o máximo, os caras que eu vejo um talento fudido sendo reconhecido, o que acontece poucas vezes, se matando com a primeira merda que aparece na frente deles e dá um barato.
e tudo isso não é um discurso hipócrita anti-drogas, até porque tenho propriedade negativa para falar disso. mas já basta uma das genialidades musicais da minha vida estar definhando a olhos vistos. é difícil explicar, mas dói vê-la desse jeito. e não quero.
e que todos ídolosdrogadosgeniais de qualquer geração tenham aula com ozzy e o keith. eles sim sabem ser malucos.

22.6.08

quando não há nada a ser dito

minha doce dor se esconde
por trás de um sorriso
comprado, corrompido
feliz fingido
penso, dispenso explicações
não controlo meu super-ego
impossível entender minha tristeza
já desisti não existe porquê
sou apenas mais um alegre deprê

20.6.08

está declarada a liberdade.

a liberdade foi declarada hoje, 20 de junho, por mim mesma, a mim mesma. a partir de hoje estou livre para sentir sem nenhuma culpa, estou livre para sentir culpa quando quiser, e livre para não mais sentir dor.
isso não significa, obviamente, que qualquer que fosse ou seja o sentimento, tenha diminuído, quanto mais sumido. significa simplesmente que eu posso deixar que tudo seja como tem que ser, sem que para isso eu gaste mais lágrimas e pernas (pelos soquinhos que eu dou nelas quando acho o mundo injusto, ou seja, todos os dias).
já me sinto muito melhor;

19.6.08

o trabalho enobrece o homem.

okay, façamos um balanço egocêntrico da minha vida de trabalhadora - chamarei esta de vida de bosta - com a de antes - que eu vou chamar de vida boa.
na vida boa eu comia bem. fazíamos o almoço, eu e a Lú, tudo sempre saudável e gostoso. os meninos lavavam a louça. as tardes eram grandes tertúlias de experiências e sentimentos. a faculdade era um prazer - mentiiiira - , os trabalhos em dia - mentira n.2 -, tudo muito feliz - mentira n.3.
na vida de bosta eu decidi parar de comer. o tempo livre ficou reservado para o ócio, drogas e mini-tertúlias que normalmente são resultado de uma chacina de aulas durante a semana da parte da casa toda, além da Flora e do Murilo, sempre presentes. antes eu não tinha grana, agora também não, então isso se excui.
vida de bostaaaa, vida de bostaaaaaaa.

(mas a vida de bosta me proporciona muitas mais ressacas e não me deixa tempo para a ressaca moral. eu fico com a vida de bosta.)

18.6.08

viver repetindo

e repetindo o mesmo erro que todos interpretam como erro e eu não, isso é praticamente mais um dos meus vícios. não é um erro, não, eu juro que não me faz mal. metira, faz muito mal, eu queria poder não precisar jogar esse jogo idiota e chegar e dizer: "eu gosto de você, porra. eu gosto de você assim, do jeito que você é. eu te acho um idiota, um idiota que brinca comigo, mas é assim que eu gosto de você. eu não quero mais fingir que tá tudo bem, não tá nada bem. cada vez que eu, mais uma vez, insisto em socar a mesma tecla idiota da minha cabeça imbecil que me faz lembrar de você a cada minuto dos últimos aproximados seicentos e cinquenta mil minutos, eu fico mais feliz do que eu penso que poderia ficar, e tudo fica muito bonito, e eu já penso em como vamos arrumar as malas para a nossa lua-de-mel...".
eu queria poder falar sem antes me entupir de álibes para tudo que eu falei, eu queria aqui, agora, comigo, sem esse frio, sem esse sentimento estúpido de que, mais um dia, eu consegui voltar pra casa pensando que eu poderia ter voltado com você, com o seu calor, sem o ar quente o carro, e só isso, e nada, nada mais.

10.6.08

empolgação gratuita [on]

9.6.08

é insuportável

saber o que pessoas tão queridas estão sentindo, e não saber como agir nem como ajudar. é o pior tipo de impotência, pior do que broxar.

7.6.08

kit anti-suicídio pão de açúcar, garanta já o seu!

se você conseguiu destruir o seu sábado assistindo ao último episódio da última temporada de sex and the city, garanta já o seu kit anti-suicídio pão de açúcar.
o kit consiste em uma lata de coca light, algumas sopas instantâneas, latas de cerveja e um danete muito cremoso, além do malboro vermelho.
kit anti-suicídio, porque você, mulher enlouquecida, merece!
(atenção: os efeitos-colaterais de cada um dos elementos do kit são de total responsabilidade dos próprios consumidores)

5.6.08

crucema.

será que ela é de crucema? nossa, mas onde fica isso? será que é algum campeonato interfaculdades? mas não existe isso. me lembra crusp. mas isso é o alojamento. mas tem o caipirusp, que não tem nada a ver com crucema. putz, faz tempo que eu não falo com o paulo, será que rola caipirusp esse ano? quem que tinha ido no juca mesmo? a bixete? não. não vejo a hora de ir pra ilha solteira, ano passado foi muito bom. a dê tem que ir esse ano. a dê vai embora mano, que que eu vou fazer da minha vida? vou escrever uma carta pra ela. mas não vai adiantar nada. odeio essa coisa de ir embora. duas pessoas longe, será que dá pra aguentar? mas eu não vou morrer. ninguém morre de saudade. eu acho que eu morro um dia ainda. puta, que saudade...

o mundo

é 90% composto por cuzões filhos da puta. os outros 10% estão em algum lugar ainda não identificado.

3.6.08

a beleza em esperar

está na sinceridade dos momentos de pura lembrança boa e esperança de que tudo um dia vai ser tão bom quanto se espera...
(ao som completamente tendencioso de the postal service...)

2.6.08

sentindo saudades

e mais saudades...

às vezes me dá um medo

só em pensar que as pessoas mais bonitas e especiais que estão sempre aqui do meu lado podem não estar e provavelmente não estarão mais aqui, um dia qualquer.
só um sofrimento antecipado, tipo síndrome de separação.

30.5.08

e é de verdade,

e eu não estou mentindo. sempre é de verdade. pode ser efêmero, mas não poderia ser mais de verdade do que já é.
puro e verdadeiro, eu juro.

28.5.08

momento sagrado do dia:

almoçando sozinha, no quarto, escutando wilco, lembrando com muita saudade e sentindo muita falta da época e de como esses solos chegaram aos meus ouvidos.
(daqui a pouco, ladeiras de sol quente e escritório por mais umas horas do dia...)

27.5.08

masoquismo sentimental:

não supera nunca e acha que ser rude é igual a manter a chama acesa. muito pelo contrário, meu querido, muito pelo contrário. também não sou adepta das grosserias gratuitas, muito menos do masoquismo sentimental. posso ter sido, ultimamente não mais. andei descobrindo que as coisas podem dar certo por serem simples, sem jogo nem fingimento. e assim fica muito melhor, tudo natural.

26.5.08

se

pudessemos controlar o tempo como gostaríamos que ele andasse, as coisas não teriam a graça de acabar rápido quando quisessemos que elas demorassem a acabar, e a vontade de que tudo aconteça mais e mais uma vez , a ansiedade para que o tempo passe rápido para depois passar devagar e a felicidade de quando tudo acontece de novo, nada disso seria tão enorme.
(e só sou adepta do "se" que eu também acho que não deveria acontecer)

19.5.08

gastando um pouco de lágrima acumulada com tristeza quase que gratuita.

no meio do show do nação zumbi:

grazi:- se no futuro tiver uma classificação para a nossa juventude, será que a gente vai estar na parte da juventude enlouquecida ou na parte da juventude normal?
lu:- acho que estaremos na enlouquecida.
grazi:- mas será que quando falam que o tal do kerouac era um enlouquecido, era só isso que era ser enlouquecido?
(...)
grazi:- e quando forem citar as músicas da nossa juventude enlouquecida, quais serão os sons? tipo no fim dos anos 60 o som era janis e cia. qual será o som dos anos dois mil?
e no fim, a virada cultural acabou em quermesse e bingo;

15.5.08

noites impagáveis:

(...) glória maria, glória pires, glória perez, daniela perez, daniela mercury, freddy mercury, freddy krueger, diane kruger, daiane dos santos, santos dumont.

14.5.08

eu não sei administrar

minha vida, meus relacionamentos, meus sentimentos, meu dinheiro, minha bagunça, minha faculdade, meu tempo, meus pensamentos... sou uma péssima administradora.

13.5.08

um dia bom de saudade

é quando você acorda e a primeira coisa que você pensa é que você está muito feliz como está, mas também se lembra de como gostava do jeito que era antes, e se lembra de muitas coisas em poucos segundos, e pode reviver cada coisa só ao fechar os olhos...

9.5.08

jornalistar:

esperar duas horas e meia para finalmente rolar a entrevista muito animada e engraçada com o sepultura.
assim eu me animo em ser jornalista... :)

8.5.08

sabe o que é um dia calmo?

acordar falando com a mãe (ao telefone), ficar em casa o resto do dia com roupa de moleton, de boa, com amigos, bebendo café e viajando...

sobre adeus

um dia você percebe que a vida de gente grande começou. diferentemente de antes, as pessoas não vem somente, elas vão. e não vão ali e já volto, elas se vão da sua vida. e você não pode fazer nada, e mais e mais pessoas se vão, isso acontece com todo mundo, todo o tempo.
mas a sua dor você não consegue explicar, a dor de ver alguma pessoa muito querida indo para um lugar longe do seu lado, isso não tem como explicar. e desespera. e dói.

5.5.08

andei pensando.

e pensando, e pensando e pensando. acho que perdemos um terço da vida dormindo e outro terço pensando. só sobra um terço para tentar fazer tudo aquilo que queremos fazer, dentre os quais pensar e dormir fazem parte também.
andei pensando sobre o quanto todos nós pensamos. escutamos desde pequenos que devemos pensar duas vezes antes de fazer qualquer coisa. eu não sei se levamos muito a sério tudo isso, mas acabamos pensando duas (mil) vezes antes de tudo, e crescemos considerando a impulsividade uma qualidade ruim da pessoa. fazer qualquer coisa espontaneamente acaba se tornando feio, ruim e uma ação defeituosa.
passamos parte das nossas vidas pensando no que deve ser feito, quando o que realmente importa, o fazer efetivo, acaba ficando só e somente só no planos das idéias. e acabamos achando que pensar é mais bonito do que fazer, quando na verdade é tanto quanto.
não que fazer tudo o que se quer fazer na hora em que se quer fazer seja de todo maravilhoso. inconsequência passa longe do ideal, mas não deveríamos ser tão radicais a ponto de achar que o pensar é bonito, e somente ele. agir deveria estar entre os planos, se é que os planos deveriam existir.
e continuo pensando sobre o assunto... (e copiando texto de um blog para o outro...)

puxar papo

filosófico com alguém de quem você não quer escutar lamentações sobre outra pessoa porque você queria que a outra pessoa fosse você, isso é o que? falta de uns bons tapas?

2.5.08

30.4.08

querendo

a minha família, por pior que tudo seja. querendo só um abraço do meu pai e um da minha mãe, meu irmão para dar uma volta pelo caminho de sempre e a minha irmã pra rir da minha cara, meu primo pra sair, tomar uma cerveja e conversar sobre a vida, a pastel pra entender tudo que acontece desde os 5 anos, e dora para falar de filosofia e chorar no colo dela...
por pior que tudo seja, eles são tudo o que eu queria agora comigo, tudo.

escrevendo matéria, música muito alta

e muitos, muitos gritos de 'vou, mas não me peça para amar outra mulher que não você... '.

(quem não gosta de sofrimento gratuito, de vez em quando?)

29.4.08

mais uma noite

de insônia. mais uma mexida profunda em tudo o que já me passou. e mais uma conclusão de que a vida é muito mais feliz com 8h de sono por dia, e não 5h ou menos, pela manhã...

conversa entre carinhas:

(tocando 'além do que se vê')
-mano, esse amarante é o netinho de paula dos cults!
-?
-essa música é a 'tô chegando na cohab' dos cults.
-éééééé...

mais uma noite na sombria batcabelo.

23.4.08

a sala cheia de bexigas coloridas,

as quais foram objeto de brincadeiras muito divertidas mais tarde. foi assim que eu acordei no dia do meu aniversário [ontem]. um almoço muito gostoso que a lú[a] fez, com pessoas muito importantes para mim. depois, só alegria. gugu na sua casa, dublagem do canal árabe, enchente na rua, denise breaca, paty imobilizado no colchão, brasil com problemas de fala, chiquinha mucho louca.
hoje de manhã, sala junkie, com caixas de pizza, muitos cigarros e muita sujeira, além de garrafas do fim de semana todo. além do fim de semana todo.
e agora eu tô pensando sobre a mania de as pessoas cobrarem uma atitude em um relacionamento (seja do tipo que for) que eu não consigo ter, uma postura que não é a minha. já perdi muitas chances desse jeito, mas eu não consigo mudar, tem coisa que é assim, a gente simplesmente não consegue mudar. mas as pessoas cobram, e cobram muito, e eu não sei ser de outro jeito. e o que deixa pensando é em porque elas cobram isso, porque se desde o começo elas já sabem como eu sou.
eu não gosto e não sei receber cobranças, principalmente quando eu não as acho justas...

22.4.08

tem coisa

ruim que acontece pra você abrir o olho e ver que antes era pior ainda.
tapa na cara e acorda, menina.
e feliz aniversário de ontem pra mim, tudo foi muito, mas muito gostoso :)

18.4.08

mentira,

tem hora que parece que nada vai ficar bem. eu posso até atribuir a angústia do dia ao inferno astral pré-aniversário, mas também pode ser mentira. mas até aí, a verdade continua encondida em alguma coisa que eu não consigo identificar. ainda mais com esse monte de coisa que eu arranjo pra minha cabeça e eu não sei nem o porquê de fazer tudo isso. acho que é aquela coisa de manter a mente ocupada.
mas não adianta muito, às vezes...

tudo

vai ficar bem... tudo vai ficar bem...

17.4.08

sorriso

cor exata dos olhos
textura dos cabelos
do nariz
do pescoço
do braço
da mão
do rosto no rosto
lágrima
cheiro dos cabelos
da respiração
da pele
das roupas
sorriso
espessura das orelhas
dos cílios
lágrima
não sai
não some
não me esquece
eu não esqueço
sorriso

(por isso é que eu sou um vampiro...)

14.4.08

semana ca-ó-ti-ca

eu uso óculos escuros pras minhas lágrimas esconder
e quando você vem para o meu lado, ai, as lágrimas começam a correr
e eu sinto aquela coisa no meu peito
eu sinto aquela grande confusão
eu sei que eu sou um vampiro que nunca vai ter paz no coração
às vezes eu fico pensando porque é que eu faço as coisas assim
e a noite de verão ela vai passando, com aquele seu cheiro louco de jasmim
e eu fico embriagado de você
eu fico embriagado de paixão
no meu corpo o sangue não corre, não, corre fogo e lava de vulcão
eu fiz uma canção cantando todo o amor que eu sinto por você
você ficava escutando impassível e eu cantando do teu lado a morrer
e ainda teve a cara de pau
de dizer naquele tom tão educado
oh! pero que letra más hermosa, que habla de un corazón apasionado
por isso é que eu sou um vampiro e com meu cavalo negro eu apronto
e vou sugando o sangue dos meninos e das meninas que eu encontro
por isso é bom não se aproximar
muito perto dos meus olhos
senão eu te dou uma mordida que deixa na sua carne aquela ferida
na minha boca eu sinto a saliva que já secou
de tanto esperar aquele beijo, ai, aquele beijo que nunca chegou
você é uma loucura em minha vida
você é uma navalha para os meus olhos
você é o estandarte da agonia que tem a lua e o sol do meio-dia
"eu não dava pro caetano veloso..."
"eu dava muito pro caetano.. você não dava?"
"dava, dava muito fácil..."
companhia idiota pra alegrar.

10.4.08

comprar band-aid original

não é questão de marca, é questão de qualidade. mais caro, mas nada se compara quando seu dedo vai cair e você pode colocar uma bandagem de plástico que vai arrancar a sua pele junto na hora de tirar ou um band-aid, respirável e de textura suave.
(é tudo que eu consigo organizar na minha cabeça: minha preferência por band-aid a outras marcas. o resto da vida tá bagunçado, e é resto, né...)

7.4.08

rodando

e rodando, em pelo menos quatro sentidos.
lembrando e lembrando, de pelo menos três coisas.
esquecendo e esquecendo, as mesmas três coisas.
'vai passar grazi, vai passar...'
mentira.

6.4.08

(bêbados,

sempre sai a verdade ou o que nós queríamos que fosse verdade?)
eu só sei que eu amo a frá de uma forma que talvez, aqui, seja igual apenas ao amor que eu sinto pela dê. e tudo isso é igual apenas ao amor pela pastel e pelo popó. que se construiram em anos, e aqui, em um ano. a intensidade muda de acordo com a situação na qual se está, mas é engraçado como o resultado de tal intensidade acaba sendo o mesmo.
são pessoas que, cada um com o seu jeito, completam aquilo que está vazio sempre mas sempre se completando.
junto à uma capacidade de separar as coisas e misturar tudo ao mesmo tempo que me deixa enlouquecida.

3.4.08

insônia:

você está precisando dormir muito. você se deita na cama, se arruma, mas não encontra posição. um pernilongo pica a sola do seu pé. você acende a luz pra procurá-lo, e ele desaparece. você apaga a luz e deita de novo. ele vem e fica zumbindo no seu ouvido. mais uma vez você se levanta e acende a luz e procura o maldito e ele sumiu mais uma vez. você procura repelente, revira o quarto e finalmente acha. toma banho de repelente, xinga o pernilongo e família e deita mais uma vez. ele sumiu de vez. mas você ainda não achou posição. então você se lembra do aluguel para pagar, das coisas a fazer no dia seguinte e da hora que você vai ter que acordar. aí fodeu, pensou em hora, esquece, você não vai mais dormir. você olha no relógio e vê que faltam 3h para você "acordar". mais uma vez, fecha os olhos e pensa em alguma coisa bonita. aí você se lembra de alguém distante em quem evitou pensar o dia inteiro. mas você não simplesmente se lembra, você sente o cheiro da pessoa, você se lembra de cada detalhe do rosto e do corpo, da textura do cabelo e de como a pessoa sorri. e como ela sorri para você. você pára e pensa que vai tentar dormir senão vai enlouquecer. você mais uma vez olha no relógio, 1h30 para despertar o celular. mais uma vez, vamos de novo, fecha os olhos e tenta não pensar em nada, e acaba pensando em tudo que você pensou durante um dia inteiro e mais o que você pensará amanhã. falta 15 minutos. olheiras, mau-humor, tristeza, cansaço, tudo misturou nessa noite de revirar na cama e agora você é mais uma das pessoas que periodicamente pensam seriamente em morrer a ter mais uma das crises de insônia.
e é aí que a insônia vem.
(08h em ponto, noite varada, banheiro lavado, quarto arrumado, pautas feitas. e o sono, onde foi parar?)

sabe quando

você percebe que apesar de tudo que está ruim, tá tudo bem? que você está gostando de tudo exatamente como tudo está? então.

2.4.08

eu queria dizer

que eu sou brega, escuto música não-cult, uso roupas feias e ponto final.

o negócio

é copiar e colar. e dar uma de cotoco, joão-sem-braço ou qualquer coisa assim.

é mesmo

necessário que tomemos uma posição única diante das coisas? personalidade forte significa pensamento radical? eu preciso ter certeza de tudo que eu quero e como eu quero tudo?
não quero decidir nada, por favor, não me coloque essa responsabilidade.
(que?)

1.4.08

olhando

e lendo as coisas que eu escrevo, percebo que pareço uma pré-adolescente em crise. já falei sobre isso? de qualquer forma, tudo se tornou claro (mais uma vez ou não) de que eu pareço uma pré-adolescente em crise. e não só às vezes, sempre.

tenho um

palpite sobre tudo que me atormenta: inferno-astral-pré-aniversário.
(mais justificativas...)

em meio

a um surto no qual eu fico pensando que eu não consigo organizar nada, não consigo explicar nada do que está acontecendo, só sei que fico irritada com qualquer coisa, e eu não sei nem se é irritação ou preguiça do mundo e de todo mundo. é como se especialmente agora eu estivesse me sentindo deslocada, mas deslocada da vida e não de uma coisa ou outra.
é muito cansativo quando você está sempre dando o melhor de você para tentar sempre ser o mais empática o possível com todos e qualquer um e quando você vê que não está recebendo isso de volta. principalmente por saber que o problema não está nos outros e sim em você que fica esperando um retorno do que você faz e acaba se decepcionando mesmo sabendo anteriormente que poderia se decepcionar.
mas na verdade eu acho que isso não é nada, que na verdade o que eu estou tentando explicar para mim mesmo e usar como justificativa para não estar bem com muitas coisas não é nada disso do que eu falo, e que na verdade nada é. eu não sei o que é.
eu não consigo organizar meus sentimentos, eu não consigo saber se isso que eu sinto é realmente saudade ou se é mais uma tentativa de justificar o meu jeito de não estar completamente bem todo o tempo. mesmo eu escondendo cada vez menos o que acontece, cada vez mais eu escondo de alguma forma.
eu não sei o porquê do meu medo, mas eu estou com medo. estou com medo de mim, com medo de voltar a ser uma coisa que eu nunca fui, estou com medo de estar me importando de menos com todo mundo, ou estar me importando demais e na verdade estar escondendo isso.
eu não sei, não sei o que eu estou escrevendo, mas talvez eu pudesse ficar escrevendo para sempre. e eu sei que eu mesmo assim não conseguiria achar uma justificativa pelo sentimento ruim.

com uma vontade

de sentar em algum lugar sozinha, sem insetos, sem nada, sem calor, sem frio, com uma música boa e calma, nem triste nem feliz, e ficar lá, sentada, sem pensar também.

31.3.08

preguiça

de ir pra faculdade.

a lú escutando

caetano no quarto e eu aqui percebendo, com uma felicidade que eu poderia comparar à calma ou alívio, que pelo menos essa fase eu consegui ultrapassar, sem nem me importar com os anos que demoraram para tudo ser superado, eu tenho certeza que eu só consegui aprender e que eu com certeza estou muito mais feliz agora do que antes, mesmo pelos tempos serem diferentes, mas eu sei que eu me sinto muito mais à vontade onde estou agora, com as pessoas com quem eu estou agora, do jeito que eu estou agora.
estou onde eu deveria estar e não gostaria de jeito nenhum de estar lá...

27.3.08

as formigas

são muito fudidas da vida. elas carregam muitas vezes o peso delas nas costas (oito?) e além de tudo, esses pesos são folhas totalmente complicadas de se carregar. é como uma chapa de ferro com oito vezes meu peso, eu carregando ela pela quina, sem deixar virar nem cair.
(jogo do contente com objetos de observação do caminho da fuga da aula e da vida para casa quente - muito quente - sem ninguém só comigo, meu banho e minha crise, só para mim).

encostando

onde só alguém encostava, sentindo o cheiro em qualquer lugar, tentando me convencer de que eu consigo continuar tudo como se nada nunca tivesse acontecido, com vontade de correr e correr e esquecer de tudo, menos desse tempo que eu tenho que esperar para poder mais uma vez pelo menos passar a mão no rosto e perguntar se está tudo bem. isso me desespera.

26.3.08

eu estou

escrevendo há muito tempo e apagando tudo e escrevendo de novo e o blogger dando pau e sumindo com a única coisa que eu tinha conseguido escrever e ter coragem para postar. percebendo que eu não consigo organizar meus pensamentos e que eu sou bem idiota de vez em quando porque eu tenho muito medo de machucar as pessoas, mesmo as que não sabem que eu estou machucando.

25.3.08

kate nash, kate nash, kate nash...

24.3.08

mais uma vez,

bauru. alívio de estar em casa e medo de ficar sozinha. muito medo.
mas enfim, a sós comigo mesma.
e entre tanta coisa, saudade. e saudade de muitas coisas e muitas pessoas. surto nostálgico.

23.3.08

e se ela não quer mais viver,

se ela esquece de limpar a cozinha, se ela não lembra de tirar a areia do chão, se ela não quer mais ver o pôr-do-sol na praia morando tão perto, se ela não quer mais querer nada na vida, quem sou eu para reprimir?
eu só queria que a volta para casa dela fosse mais prazerosa e feliz do que qualquer coisa que eu gosto de fazer. eu queria ficar feliz ao lado dela, eu não queria minhas energias sugadas pela falta de vida dos olhos dela.
é como se um pedaço de mim fosse arrancado a cada vez que eu vejo ela se esvaindo mais e mais e existindo simplesmente por não ter conseguido acabar com tudo quando tentou e agora não ter mais vontade nem ao menos de acabar com tudo mais uma vez.
mãe...

21.3.08

tudo tá velho,

o cachorro tá gordo, a casa tá envelhecida, os armários estão caindo, as rugas estão à mostra. o sofá rasgado está mais rasgado, as paredes sujas estão mais sujas, o carro barulhento está mais barulhento. o computador continua cheio de vírus, os móveis continuam empoeirados e as músicas continuam tocando sempre na mesma ordem. só as brigas aumentam, a intolerância está mais aparente, o tempo anda se arrastando. e parece que a saudade quando tudo isso passar vai ser muito maior do que foi um dia. saudade de nada que nunca foi perfeito e tudo que nunca será.
e a mágoa parece que toma conta de tudo, menos da saudade...

20.3.08

tava aqui,

pensando em como eu gosto de lá. casa do papai é o que há, mas eu realmente tava mentindo para mim quando achei que vir para cá ia me fazer algum bem. muita saudade, mas muita mágoa incrustada em cada coisa que cada um fala ou olha ou pensa. eu não sei mais como é viver em família ou eu não sei mais como ser o ponto forte da casa? hoje em dia parece que cansa mais ser o pilar central onde todo mundo se agarra na hora que cansou de nadar e nadar e nadar. cansa muito mais.
sem cigarro, sem meu quarto, sem a chiqs, sem meus sons...

19.3.08

depois de um ano

eu to sentindo de novo o frio na barriga antes de voltar para casa.

18.3.08

festa

com gosto de abacaxi e vergonha de viver. (grazi ri e vomita mais um pouco)

17.3.08

só para completar,

tudo vai ficar bem. (mais uma mentirinha, só que dessa vez, publicada)

o caos

se instalou. pelo menos é o que parece. e eu fico pensando que talvez eu não devesse entrar em crise tantas vezes por um certo período de tempo. mas eu queria conseguir saber o porquê de tudo começar a andar fora dos trilhos justamente quando deveria apenas continuar onde estava. e pensando que não é drama, nunca é drama para quem está vivendo. e pensando que eu queria mandar quem perde o tempo para ler os meus dramas (deu para ler o 'meus' ou eu preciso colocar em negrito?) para depois dizer que eu sou dramática. e pensando que eu agradeço a cada segundo por ser desse jeito e não precisar forçar nada nem impor personalidade alguma. e pensando que eu quero sumir e não por uns tempos, mas para sempre e todo o sempre. mas pensando que ainda bem que essa vontade passa, demore ou não. e pensando que não importa o quanto eu queira sumir, eu me sinto bem comigo mesma e vou continuar me sentindo, e não preciso de auto-afirmação constante para provar quem sou eu ou provar que eu gosto de ser como eu sou. dramática, quem sabe. mas o que eu sei, pensando tanto, é que nada está certo e que a culpa é minha, sempre é, e já é um passo anorme saber que é minha a culpa, então não importa se alguém muito importante está longe, muito longe ou se eu sou do tal clã dos 'drama queen'. eu faço o meu próprio inferno e vou continuar me enganando que um tempo com a família vai me tirar do limbo.
eu minto para mim mesma. e acredito nas minhas mentiras.
querendo arrancar minha cabeça e acabar com essa coisa de tudo bem tudo mal tudo bem tudo mal.

16.3.08

e parece

que tem uma mão esmagando meu coração e me lembrando a cada segundo que há um longo caminho e muito tempo pela frente e que eu não posso querer congelar tudo como está para só daqui a um tempo descongelar e tudo já estar do jeito que eu queria que estivesse.
volta tempo, volta ou passa correndo, não fica se arrastando e me machucando assim.

4.3.08

i'll be waiting.

28.2.08

demora um certo tempo

para essa coisa de saudade, quando nada andava numa linha reta, chegar e mexer com alguma coisa dentro de mim. mas o tempo passa e essa coisa chega e mexe e eu não consigo diferenciar a dor de saudade da dor do machucado de tudo que aconteceu, aí fica tudo misturado e confuso e se debatendo e batendo e me batendo e me machucando. é como uma culpa por sentir saudade daquilo que não me fazia bem.

21.2.08

poderia chamar isso de

otimismo. mas eu não sou otimista. esperançosa talvez. ou não. e arranjei uma válvula de escape tão efêmera quanto nada vantajosa. ou não.
lema dos dias: mãos na massa. e na breguice. e no não to nem aí. e no eu não movo uma palha nem por mim mesma. e na cabeça.

13.2.08

o mundo tem gosto de queimado...

28.1.08

I stay up clean the house
At least I'm not drinking
Run around just so I don't have to think about thinking
That silent sense of content
That everyone gets
Just disappears soon as the sun sets

24.1.08

15.1.08

contando,

começando agora: uma semana. se eu queria mudança eu posso tê-la. mas o meu mundo pode mudar. em sete dias tudo pode ser como é e não mudar, ou mudar e voltar ao que sempre foi.
só preciso aprender a auto-cura, a como exorcisar o inferno de dentro de mim mesma. sai, demônio, desencosta, zebu.

13.1.08

quero

mudar, mudar, mudar, mudar.
mesmisse infernal.
acompanhamento: centímetros a menos de cabelo e a mais nova aquisição, café-da-manhã dos campeões, kurt vonnegut. que o meu cabelo não fique bizarro e que o livro seja bom. e que a vida ande.

12.1.08

maniiiiia

de perseguição, tenho muuuuita.

intolerância

a mil coisas, entre elas alcool, plasil e derivados de bebedeira.
sujeito a crises de pânico e socos na enfermeira.
efeitos a longo prazo, como falta de humor no próximo bar, veia estourada, estômago afrescalhado com amendoim japonês e coca light escondida no balcão.

9.1.08

às vezes

parece que há um sermaiordoquetudoetodosnomundo que tem a capacidade de segurar nos orgãos das pessoas. e esse ser deve gostar de pegar no meu coração e apertar, apertar até sair no vão dos dedos dele. alguém precisa dizer pra ele (visto que eu não tenho mais forças) que isso dói.

7.1.08

"sofrer

e chorar significa viver." Dostoiévski
então não quero mais viver.

5.1.08

vai dizer

que você nunca quis morrer. a diferença entre uma pessoa normal que pensa isso às vezes e um suicida é a frequência com que a pessoa deseja isso.

4.1.08

um humor

mais inconstante do que qualquer coisa no mundo. daria para medir a frequencia e o período do meu humor. ainda bem qeu tá em um pico. mas logo volta ao fundo de tudo. ao fundo muito fundo. o médico quer me enfiar fluoxetina, e eu só tomo isso quando é por vontade, nada de obrigação pro meu lado. nada de obrigação mesmo. eu só rpeciso me convercer que eu preciso ser uma pessoa normal. mas não consigo. mesmo.

3.1.08

está

apertando e apertando e apertando e angustiando e doendo e tirando a minha respiração e me machucando e me fazendo querer desistir cada vez mais e mais e mais. eu sempre disse que eu odeio perder e ganhar, não quero competição, ainda mais quando a competição é com você mesmo. esperando um milagre, um milagre, por favor, um milagre.