10.11.10

otimismo banal

passo os dias em frente a essa fina e resistente camada de vidro - a janela do prédio comercial da rua federação. ao fundo, vejo uma pequena luzinha piscando insistentemente, dia após dia, hora após hora. uma piscada a cada cinco segundos. a cada cinco segundos, ela pisca para mim (tem que ser para mim, ela pica a todo momento, e a todo momento estou olhando para ela, e ela piscando para mim). enquanto me incomodo com as grossas camadas de poeira, poluição e todas as coisas que flutuam nesta atmosfera cinzenta, lá está ela, brilhando de tempos em tempos. hoje o céu está completamente tomado por nuvens escuras, que se confundem em fumaça, vapor e pequenas gotículas de azul, as quais mal dá para se enxergar. mas nada disso importa, pois todos os dias, enquanto eu estiver aqui, ela está lá, piscando, brilhando, e me lembrando que, mesmo não parecendo, há um ponto de luz, sempre, piscando, para mim.

9.11.10

pessimismo existencial

aqui estou eu,
sentada neste banquinho,
sobre esta mesa
onde tantos vomitaram suas almas,
aceleraram seus corpos
e exercitaram suas mentes.

cá estou,
morrendo,
como todo e qualquer ser vivo por aí fora.
acabando,
como toda e qualquer coisa deste mundo.
percebendo.
(tantas formas nascendo, e tantas deixando de existir...)

enquanto isso, estou aqui,
somente variando
entre a dor
e o furor de viver.