17.10.11

estagnador de humor


se antes atingia o topo,
e a onda de outrora
tomava os pulmões,

separava os
braços ao lado do corpo
logo ali, no ápice

e voava de encontro ao fundo

para
ou cavar mais
com as unhas e os ossos
quebrados dos corpos
que ali ficavam,

ou tornar a escalar,
pouco a pouco,
pela livre e natural
sensação de vôo livre

hoje mal se pode encontrar
um medíocre monte,
(pelo bem da não-queda)

e esta meia escalada não seduz
ou ao menos convence

ou ilustra o poço como
mais atraente do que
esta miserável saltitação,

segura e cinzenta.

2 comentários:

Isadora P. disse...

!!!

Entendo mais do que sou capaz de expressar.

Mesmo sem depakotes e kenes, lítio ou outros estagnadores, conheço ambos, crista e areia, para dizer o mínimo.

Esses excessos são de uma embriaguez sedutora. Produzem tanto as rimas mais fáceis quanto as mais belas, as impossíveis. Entendo o apelo.

Mas pessoalmente, acho que a calmaria tem um certo charme. Além, do mais, não se engane, é temporária.

Isadora P. disse...

Sinta-se abraçada, moça.

Essa coisa de abismo é a mais engraçada: de infinitamente particular, sempre acabamos espiando um abismo ao lado, muito parecido.
Qualquer coisa de universal, mas incompartilhável na dor, eu acho.